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Para falar de Ethereum, precisamos falar do Bitcoin. A blockchain do Bitcoin foi criada específicamente para a criação do bitcoin, a criptomoeda. Entretanto, após o surgimento da tecnologia, outros pioneiros identificaram o potencial que essa tecnologia tem para ser utilizada em outras aplicações. Com isso surgiram inúmeros projetos, como Colored Coins que buscava gerenciar ativos do mundo real como ações, moedas, propriedades imobiliárias, etc., na forma de tokens na rede. Além disso, começaram a surgir aplicações específicas para diferentes casos de uso, utilizando o Bitcoin Script, o linguagem de programação do protocolo Bitcoin, que empurrava o protocolo ao limite de seu potencial.

O Bitcoin Script não é uma linguagem de programação de Turing-completo, pois carece de funções comuns como loops, que permitem executar uma instrução várias vezes. Faz sentido restringir essa funcionalidade em uma blockchain de uso específico para controlar dinheiro digital, evitando, por exemplo, que alguém, por erro ou má intenção, crie um loop infinito que paralise a rede. Porém, essas restrições tornam-se inadequadas para a criação de aplicações que vão além do controle de transações financeiras. Ou seja, os novos projetos que surgiam encontravam grandes limitações e precisavam de uma alternativa mais dinâmica.

Em 2013, um jovem russo-canadense de 19 anos chamado Vitalik Buterin, estudante da Universidade de Waterloo no Canadá, solicitou um ano sabático para trabalhar em projetos de criptomoedas. Ele iniciou uma viagem por diferentes países, como Estados Unidos, Holanda e Israel, onde tinha amigos explorando o potencial do Bitcoin.

Em Israel, havia dois projetos inovadores chamados Colored Coins e Mastercoin. Vitalik colaborou com esses projetos, mas rapidamente percebeu que o enfoque utilizado não era o ideal. Em vez de criar "canivetes suíços" para propósitos limitados, seria mais eficaz criar blocos de LEGO, permitindo que cada um construísse o que quisesse.

Sua ideia não foi tão bem recebida como ele esperava, pois os líderes dos projetos aos quais ele fez sua proposta priorizavam mais a oportunidade de sair ao mercado com o que já tinham, em vez de se aventurar em algo novo.

Dada a resposta recebida, Vitalik decidiu criar uma nova blockchain, de propósito geral, que se pudesse desenvolver diferentes tipos de aplicações. Para isso, escreveu o White Paper de Ethereum «Uma plataforma de próxima geração para smart contracts e aplicações descentralizadas», onde descreveu as especificações de uma tecnologia que revolucionaria o mundo, como anos atrás o havia feito Satoshi Nakamoto.

O White Paper de Vitalik, publicado em 2013, capturou o interesse de um grupo de colaboradores, entre os quais se destacam Gavin Wood, Charles Hoskinson, Mihai Alisie, Anthony Di Iorio e Joseph Lubin. Em 2014, obtiveram o financiamento para o projeto sob a forma de crowdfunding e, em 2015, puderam colocar o Ethereum em funcionamento graças ao esforço de um exército de colaboradores a nível mundial.

Assim nasce a Ethereum, uma evolução do Bitcoin que incorpora uma linguagem de programação de Turing completo e a possibilidade de executar código que se guarda na própria blockchain.

A Ethereum é um grande computador mundial capaz de executar contratos inteligentes e aplicações descentralizadas. Essa aplicações funcionam exatamente como estão programadas, sem possibilidade de censura, fraude ou interferência de terceiros, já que o código fonte do contrato é imutável e a execução é transparente.

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